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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Entrevista com Diogo Oliveira

Política, Economia, Tecnologia, entre outros, mudam com o passar dos anos. Surgem concepções diferentes, novas idéias, abordagens, etc. A música é mais uma das categorias que podem ser aplicadas a esta frase. Novas estilos e bandas novas surgem e, além disso, a música, muitas vezes, acompanha a situação em que encontram-se as gerações.

Hoje, percebe-se que a maioria da população tem um gosto específico, um tipo de música que mais se identifica. As oportunidades para bandas independentes que estão começando normalmente não são das maiores, principalmente quando as músicas estão em outro idioma. Diferentemente de outros lugares como Europa e EUA, onde há um incentivo maior a bandas desconhecidas, além da presença de diversos eventos que levam a divulgação dessas bandas.


Assim, fomos atrás de alguém que conseguisse esclarecer nossas dúvidas e contar um pouco de sua experiência, esse é Diogo Oliveira. Diogo é guitarrista da banda londrinense Hocus Pocus, formado em música pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) e possui um amplo conhecimento musical e opinião formada sobre a maioria dos assuntos relativos à música. Em 2009, fez uma turnê na Europa com sua banda, onde pode aprimorar suas concepções que nos passou nessa entrevista. Confira-a, abaixo:


220v: Qual a sua opinião sobre o gosto musical do londrinense?
Diogo: Eu creio que o gosto musical do londrinense é semelhante ao gosto musical de toda a "massa" da população brasileira no geral, não difere. Eu, particularmente não gosto do mesmo estilo musical que esse pessoal ouve. Mas respeito, gosto musical é algo de cada um. No entanto, no geral, acho que a preferência musical do brasileiro é pobre.

220v: E qual a razão do gosto musical do londrinense ser o que é?
Diogo: De maneira geral, quando um londrinense (ou brasileiro, no geral) vai prestigiar um evento, uma atração, um show, ou até mesmo ao ouvir música em casa ou no carro, ele acaba ouvindo o que chega mais fácil, que é o que está sendo mais explorado, podendo chegar mais facilmente no ouvinte através rádio, internet e outros meios de comunicação. Ou seja, o que a mídia "empurra" a ele, e o que é mais acessível. O indivíduo ouve o que ele entende e gosta, e ele gosta justamente por entender. Eu tinha um professor na faculdade que dizia que o público não aplaude o artista; aplaude a si mesmo quando ele entende a obra que está lhe está sendo apresentada. Assim, o londrinense ouve ao que ele assimila e gosta de ouvir entre às músicas que são acessíveis a ele.

220v: Como está a cena musical brasileira?
Diogo: Não desmerecendo a música para as massas, o que toca na rádio, é pop ou faz sucesso hoje, seja sertanejo ou funk, eu particularmente não gosto de tais músicas, mas não crítico quem escuta; gosto é uma coisa que cada um tem para si. No entanto, na minha opinião, não há nada interessante realmente acontecendo na música brasileira. Tanto no rock quanto no sertanejo, que já está forte em sua vertente "universitária" há algum tempo. Não há nada que me atraia, nenhuma banda nova e diferente com um som "legal"; é algo que carece muito no Brasil. Até espero por alguma coisa acontecer pra movimentar a cena musical, porque agora, não me vem nenhuma banda ou grupo nacional interessante à cabeça. Mas, tem bons eventos acontecendo, mas sem a mesma intensidade, "explosão", para motivar o cenário.

220v: Em Londrina, há espaço para bandas novas ou independentes mostrarem seu trabalho?
Diogo: De uma maneira geral, não só em Londrina, que não chega a ser um polo musical, mas também em grandes capitais, dificilmente há a procura pelo novo, por espetáculos diferentes. Isso deve-se tanto à acomodação, de quem gosta ouvir sempre as mesmas coisas, quanto à certa falta de qualidade das bandas novas, que não chegam com o mesmo impacto. Em Londrina, não há muito espaço para expor trabalhos novos com sua banda. No geral, o público aprecia a mesma coisa; o artista tem que tocar covers, músicas de outras bandas, seja sertanejo ou rock, coisas que o povo já está acostumado a ouvir, para manter o público entretido e receber seu devido prestígio ou retorno financeiro. Já para expor a sua música, o seu trabalho, é muito mais difícil de conseguir espaço. E quanto se consegue tal espaço, a carência de público é grande.
É como uma bola de neve; o dono do local não te dá o espaço porque naturalmente você vai ter um público bem menor do que ele teria com uma banda de covers, tocando coisas já conhecidas. E assim, ninguém movimenta a cena; as bandas não investem em qualidade; e se investem, muitas vezes o público não aceita ou não procura, e por consequência os proprietários das casas não abrem espaço para tais bandas novas irem melhorando. Para remediar isso, a público deve buscar mais bandas, procurar novidades e sair da mesmice. Buscar ouvir e entender coisas diferentes só vai fazer bem ao público.

220v: Há uma diferença grande entre a aceitação musical do público brasileiro e a de outros países?
Diogo: Eu, particularmente, tive a oportunidade de realmente perceber uma diferença. Em 2009, eu realizei uma turnê tocando por quarenta dias na Europa, tocando apenas músicas próprias da minha banda, a Hocus Pocus. A aceitação musical é realmente diferente. Talvez lá, devido às distância menores, o público está sempre em contato com coisas novas; eles não procuram ver covers de bandas já existentes, pois os ouvintes têm a chance assistir à shows da banda original várias vezes. E como esse contato com as bandas próximas é maior, o público busca sempre algo diferente ao ver alguém ou alguma banda se apresentando. Digo, nem todos, mas bem mais que aqui no Brasil; no exterior, os ouvintes tem essa diferença de pensamento. Você pode se apresentar no exterior e o público pode não conhecê-lo, mas eles estarão dispostos a ouvi-lo e gostar ou não. Aqui, há pouco disso, mesmo com o auxílio da internet.

Com a entrevista com Diogo, pudemos concluir que o cenário musical brasileiro anda muito parado. No entanto, para melhorar, precisam ocorrer diversas mudanças tanto nas bandas que estão a surgir pelo país, que devem investir mais em qualidade e inovação, quanto no público, que deve ter uma mente mais aberta a novos estilos musicais e eventos.

Pra quem está curioso sobre a banda vai aqui o MySpace da banda e um clipe : 




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